Eles vêm de escolas pública e privada. O que possuem em comum? Dedicação, empenho e disciplina. Holambrenses contam suas experiências de passarem nos vestibulares mais concorridos e serem aprovados em mais de uma universidade pública do Estado de São Paulo
Ao concluir o ensino médio os jovens alcançam o tão aguardado momento de escolher um curso de graduação, uma boa instituição de ensino. De estudarem e se prepararem psicologicamente para esse novo desafio.
Conquistar uma vaga em uma das principais universidades do Brasil é um objetivo almejado por muitos estudantes. No entanto, passar pelo desafio do vestibular não é tarefa simples, principalmente para alunos de escolas públicas que, por terem menos recursos à disposição, encontram dificuldades ainda maiores para ingressarem em boas universidades.
“Bichos” holambrenses, vindos de escolas públicas e particulares, são unânimes em afirmar que, para este sonho ser realizado, são necessários intensa preparação e planejamento ao longo dos três anos finais da escola, além de foco tanto na sala de aula como em pesquisas e estudos extraclasse, por conta própria. Acompanhe depoimentos desses jovens que dividem suas conquistas e, sobretudo, servem como dicas e inspiração para outros estudantes em suas jornadas.
João Victor de Oliveira Murer, 17 anos
Aprovado em Farmácia na UNESP e na UNICAMP
Aprovado em Engenharia Agronômica e em Arquitetura na USP
. Optou pelo curso de Farmácia na UNICAMP
"A realização de exames vestibulares foi um processo complicado. Além de exigir muitos estudos, também exige muito do psicológico. Mas a escola pública vem colaborando com estas questões. Cursei o ensino médio no Cotil - Colégio Técnico Público de Limeira e a minha escola deu bastante apoio aos alunos em relação aos vestibulares, sendo até grande o foco em algumas matérias por parte dos professores. Isso gerou bons resultado para a maior parte dos alunos e um preparo muito funcional para mim.
Apenas quando sobrava algum tempo extra é que eu direcionava meus estudos em redação e outras disciplinas de maior dificuldade. Na reta final, foi crucial realizar provas e exercícios de provas antigas para que pudesse atingir bons resultados.
Às vezes surge o sentimento de impotência do ensino público, mas cada vez mais temos casos de sucesso para provar que esse é um desafio possível de ser superado. Para os que estão em escola pública e almejam a universidade, sugiro grande foco nos estudos proporcionados pela própria escola, além de irem atrás de materiais adicionais de estudo, conhecendo grande parte das estruturas de vestibulares e realizando provas antigas para que alcancem sucesso. E lembrem-se: as universidades estão lá principalmente para nós, advindos de escola pública. E as cotas estão presentes para assegurar isto".
Julia Cristina de Lima Paiva Idade, 18 anos
Aprovada em Farmácia na UNICAMP e UNIFESP
. Optou pelo curso Farmácia na UNICAMP
"Durante os três anos do ensino médio, fui aluna do Colégio Técnico de Campinas, o COTUCA. Sinto que ele me deu uma boa base, mas para passar no vestibular foi necessário ainda estudar por fora. Apesar de estar em uma escola pública de ótima qualidade e ter muitos professores que preparavam suas aulas focando nos principais conteúdos cobrados em vestibulares, enfrentei vários problemas trazidos pelo baixo investimento na educação pública brasileira, como a falta de professores e um material didático de baixa capacidade de preparação para as provas. Junto a isso, também enfrentei dificuldade de transporte no pós-pandemia, sendo o sistema pública de transporte que cobre Holambra-Campinas, ainda, escasso em horários. Todos esses são fatores que afetam o desempenho do estudante. E sinto que, muitas vezes, o suporte por parte dos governos municipal e estadual, para alunos da rede pública, não é suficiente.
Já em relação à preparação didática, em si, devido à carga horária exaustiva do período integral e ao alto custo dos cursos preparatórios para vestibular, fiz por conta própria, assistindo videoaulas, refazendo provas antigas e revisando os principais conteúdos, principalmente nas últimas semanas antes das provas. Mesmo assim, a aprovação no vestibular não veio fácil. O processo é extremamente cansativo e a pressão é alta. É preciso saber lidar com a desmotivação e com as inseguranças. E em momentos assim o apoio de amigos e familiares pode ajudar muito.
Aos estudantes de escolas públicas que buscam aprovação no vestibular, sugiro que se dediquem ao máximo nas aulas, procurando participar de forma ativa, fazendo perguntas e anotações. Mas também recomendo que procurem estudar além do conteúdo visto em sala de aula. É importante estar por dentro dos assuntos mais cobrados em provas nos últimos anos e estudar a estrutura de cada vestibular, resolvendo provas anteriores com tempo controlado. Isso irá garantir mais segurança ao aluno no dia da prova. Quanto mais vestibulares vocês conseguirem se inscrever, melhor. Tentem participar de vários. Por último, lembro da importância de se atentar à saúde mental, pois a ansiedade é uma das maiores inimigas do vestibulando. Saibam que o processo é difícil, mas não é impossível. E que, com muita dedicação, a faculdade dos seus sonhos pode, sim, ser uma realidade".
Alexandre Santato, 17 anos
Aprovado em 1º lugar geral em Sistemas de Informação na UNICAMP Aprovado
Aprovado em Engenharia de Computação na USF
Aprovado em Ciência da Computação na USP
Aprovado em Engenharia de Computação na UNESP
Aprovado em Medicina na UEMG
. Optou pelo Curso de Ciência da Computação na USP
" Em 2020 fui aprovado no Concurso de Bolsas para alunos da escola pública e cursei o Ensino Médio na Escola São Paulo em Holambra. A ESP oportuniza no programa de Bolsas de Estudos a contemplação para um aluno, vindo da escola pública, com a oportunidade de construir a sua discência na Escola, e poder alcançar neste importante momento de formação a preparação almejada.
Em todo esse processo até o vestibular, o que mais me ajudou a conseguir aprovações foi a disciplina e a persistência nos estudos. Nos dois primeiros anos do ensino médio, já estudava um pouco além do que era proposto, mesmo que muitas vezes não estivesse com vontade. No terceiro ano, a rotina foi um pouco mais cansativa. Mas pensar na felicidade que isso poderia me trazer no futuro me motivava a continuar. Não é preciso abrir mão de aproveitar a vida. Basta se planejar e delimitar pequenas metas na semana – e fazer de tudo para que elas sejam cumpridas.
Antes de tudo, eu buscava entender muito bem a teoria da matéria que eu estava estudando, sem olhar para nenhum exercício. Quando acreditava que a teoria estava bem fixada, começava a fazer os exercícios específicos para aquele assunto. E quando errava algum deles, buscava entender o que me levou ao erro. Além disso, fazer simulados do vestibular que o estudante pretende prestar, ou provas anteriores, ajuda a entender de que modo o assunto é cobrado naquela banca de provas.
Particularmente, eu preferia estudar mais durante a semana, sempre ficando na escola das 7h até às 17h, estudando algo que não conseguisse terminar em casa, para poder descansar aos finais de semana. Em vários sábados de manhã, ia até a Escola São Paulo para fazer os simulados dos principais vestibulares. Mas, depois disso, não costumava estudar até a segunda-feira. Esse descanso ajudava a desestressar. E acreditava ser tão importante quanto os estudos".
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