Uma das variáveis econômicas mais comentadas é a taxa de câmbio, ou o dólar, como se costuma dizer. Muitas vezes fora dos fundamentos, o tema chega a ser discutido com certa paixão, entre os que acham que a apreciação cambial (queda do dólar) é sinal de solidez e os que compraram o conceito de que a depreciação cambial (alta do dólar) é sempre mais importante por estimular exportações.
No caso de Holambra, em 2022, o município foi importador em termos líquidos, já que exportou o equivalente a US$ 2 milhões (FOB) e importou bem mais, cerca de US$ 48 milhões (FOB). O resultado comercial foi o saldo de US$ 46 milhões (FOB) favorável às importações.
Ao apurarmos que as importações são superiores em Holambra, podemos entender que a apreciação cambial (dólar em queda) tem a tendência de produzir maiores benefícios na economia da cidade.
Mas qualquer análise econômica pode se aprimorar quando apresenta referências, que, no caso, pode ser o comparativo com a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Para isso é preciso trazer valores na mesma base de comparação.
Assim, a alternativa é converter os valores absolutos de exportação, importação e saldo comercial em proporção (%) do PIB de cada localidade. O ideal seria tratar balança comercial de 2022 com PIB de 2022, que não foi possível porque o dado de PIB mais recente para os municípios é o de 2020.
Embora de períodos diferentes, o exercício contempla, portanto, a representatividade do Comércio Internacional de 2022 no PIB de 2020 em cada localidade. Como atenuante, todos são comparados na mesma base.
Assim, considerando que a Cidade das Flores registrou PIB de R$ 1,3 bilhão em 2020, convertendo ao Dólar PTAX do último ano, concluímos que as exportações representaram 0,81% do PIB, enquanto as importações corresponderam a quase 20% do mesmo agregado.
Para apontar o impacto da taxa de câmbio na economia, sabendo que exportações e importações têm efeitos contrários, que se compensam, precisamos trabalhar apenas com a diferença entre eles, que chamamos de exposição cambial. No caso, a diferença resultante, de US$ 46 milhões favoráveis à importação, correspondeu 18,80% do PIB.
Isso nos permite afirmar que, na Balança Comercial, Holambra está exposta na importação. Mas, exposta em que magnitude? Em 18,80% do seu PIB.
No conjunto da RMC a exposição na importação é ainda maior, de cerca de 30% do PIB do bloco. Resulta da diferença entre a importação equivalente a 43% do PIB e exportação de cerca de 13%.
Por fim, a análise econômica precisa de metodologia e evidências para produzir resultados, já que não há uma receita aplicável a todos. A paixão que costuma envolver o tema não gera nenhum benefício analítico.
Ricardo Buso, Economista Idealizador do Projeto Economia Metropolitana
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