Entidade criada na formação da ‘colônia Holambra I’ assumiu o protagonismo da organização social da localidade
A busca pela autonomia e independência política e administrativa de uma determinada localidade reflete a vontade de um grupo. Além disso, sinaliza para consolidação de uma identidade cultural que reflita os hábitos e a história de uma região.
Em Holambra, a Cooperativa foi uma das principais entidades que auxiliou na formação do município e lançou as bases para que isso se tornasse possível. A Cidade das Flores, como hoje é conhecida, teve sua origem após a 2ª Guerra, com um grupo de neerlandeses, que se estabeleceram na antiga Fazenda Ribeirão.
Estes imigrantes fundaram, em 14 de julho de 1948, “a colônia Holambra I” e a Cooperativa Agro Pecuária Holambra. A vinda de mais holandeses no início da década de 50 e a chegada de brasileiros de várias partes do país fez com que a entidade assumisse o protagonismo da organização social do local.
Oriovaldo Venturini começou a trabalhar na Cooperativa no dia 16 de junho de 1976 e atuou como técnico, topógrafo e gerente de patrimônio. O objetivo da cooperativa era de produzir, a princípio, leite e laticínios, depois expandiu para outras áreas da agroindústria. O setor de patrimônio da empresa cuidava da manutenção das estradas, jardins, das casas, coleta de lixo e tratamento de água.
Antes da emancipação, Holambra pertencia às cidades de Jaguariúna, Artur Nogueira, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse. “Sempre com a orientação do meu diretor, passei a visitar as prefeituras, cobrando mais atenção por parte delas para as estradas, principalmente”, lembra Oriovaldo.
Com a expansão dos negócios da Cooperativa nos anos 70, com o abatedouro de aves e coelhos, foi necessária a construção de uma estação de tratamento de água. A obra diversificou a produção e colaborou para que não houvesse uma sobrecarga no sistema de abastecimento para a população holambrense.
Nos anos 80, a Cooperativa conseguiu junto à Prefeitura de Jaguariúna algumas benfeitorias, como rede de esgoto em partes das ruas Rota dos imigrantes, Antônio Damásio Filipini, Leandro Gonçalves, Lazinho Fogaça e outras abaixo. “Conseguimos a Escola Municipal de Educação Básica Jardim das Primaveras, a EMEI Joaquim de Almeida e outras coisas. Tínhamos muita dificuldade com as prefeituras dos quatro municípios, apesar de colaborar significativamente com a arrecadação, principalmente com Jaguariúna. No entanto, a Cooperativa nunca deixou de dar a sua colaboração”, conta Oriovaldo.
Desafios
O crescimento da Cooperativa atraiu trabalhadores de vários lugares. Porém, os desafios de gerir uma localidade isolada quanto, especialmente em relação à comunicação e transporte eram inúmeros.
A cooperativa oferecia a infraestrutura, na construção de moradias, educação e assistência médica às novas famílias que chegavam à Fazenda. Junto aos governos municipais e do Estado, a entidade reivindicava melhorias, como o asfalto interligando Holambra a Artur Nogueira (Rodovia 340) e na Rota dos Imigrantes.
Independência
A necessidade de melhorias ficava cada vez mais evidente e a emancipação seria o caminho para que Holambra caminhasse com as próprias pernas. As discussões foram amadurecendo e, a partir de 1987, as reuniões traçaram um plano para alcançar a autonomia municipal.
Com o apoio da Cooperativa, a estratégia foi eleger holambrenses aos legislativos de Artur Nogueira e Jaguariúna: Iran Brunhani e Celso Capato, na primeira cidade, e Oriovaldo Venturini e Enivaldo Antônio Lobo, no outro município.
A partir da eleição destes representantes foi iniciado um trabalho nas câmaras e no Legislativo Estadual para que a tão sonhada emancipação saísse do papel. Em 27 de outubro de 1991, 98% da população votou a favor da emancipação do distrito, surgindo assim o município de Holambra.
A partir daí Prefeitura e Câmara Municipal começaram atuar e a cidade começou a se desenvolver, a partir das bases já lançadas anteriormente pela Cooperativa, ponto de partida de uma história de sucesso.
Esdras Domingos
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