As chuvas estão abaixo da média histórica desde o início deste ano e até o momento não há tendência de alteração desse cenário
As poucas chuvas nos municípios que compõem as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) já acendeu a luz de alerta. O Consórcio Intermunicipal PCJ compara a estiagem deste ano a de 2014, quando aconteceu a última crise hídrica.
Holambra é uma das 40 cidades que fazem do consórcio. De acordo o coordenador de Projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, a estiagem em 2021 chegou mais cedo e seus impactos tendem a ser mais intensos neste ano. “As chuvas estão ocorrendo abaixo da média histórica desde o início desse ano e até o momento não há tendência de alteração desse cenário”, salientou.
Saad explicou que com esse cenário, já é possível ver que as vazões dos rios da região estão ficando “muito baixas”, o que impacta, além da quantidade na qualidade das nossas águas. “É necessário que a população se conscientize que o momento é de atenção e de necessidade de armazenar água para a seca que passaremos”, acrescentou o representante da entidade.
A região do PCJ vem sofrendo com a ocorrência de eventos climáticos extremos e é necessário que a sociedade se prepare melhor para conviver com essa realidade na última década, apontou o coordenador de Projetos do Consórcio PCJ. “Estamos passando por um período de escassez intensa e ainda não há perspectivas que esse cenário de modifique num curto prazo. As médias de chuvas anuais estão ficando a cada ano abaixo do esperado”.
Problemas para 2022
O coordenador de Projetos do Consórcio PCJ é enfático em afirmar que o momento é de usar apenas a água necessária. Segundo ele, os municípios que recebem vazões adicionais do sistema Cantareira, aqueles que estão na Bacia do Rio Piracicaba, com captações nos Rios Jaguari e Atibaia, não devem passar por dificuldades nesse ano, salvo algum agravamento da operação do volume dos reservatórios.
No entanto, Saad avaliou que os municípios que dependem de outros mananciais, com o agravamento do comportamento climático, a diminuição das vazões dos rios e de sua consequente qualidade, poderão já enfrentar dificuldades neste ano. “Outra preocupação é caso as chuvas não cheguem no volume esperado em 2021, os municípios atendidos pelas vazões adicionais do Cantareira, poderão enfrentar restrições em 2022”.
Período crítico
O período seco na bacia hidrográfica ocorre de abril a outubro, inverno no hemisfério Sul. Na região sudeste esse período caracteriza-se pela escassez de chuvas.
Em seguida, se inicia o período mais chuvoso e vai até março do próximo ano. “Esse sempre foi o comportamento climático em nossa região, mas que na última década tem apresentado variabilidade devido à ocorrência das mudanças climáticas e eventos extremos. No último ano, em 2020, por exemplo, a estiagem durou até meados de novembro, o que afetou muitos municípios quanto à disponibilidade de água”, lembrou Saad.
Recomendações
As recomendações do Consórcio são de iniciar campanhas de sensibilização sobre o uso eficiente e racional de água, através de educação ambiental e ações de publicidade pelos serviços de água.
A entidade recomenda também para que os municípios aproveitem o período seco para fazer obras de infraestrutura baratas e de rápida utilização, como as bacias de retenção em áreas rurais e piscinões ecológicos em áreas urbanas com o objetivo de ampliar a capacidade de armazenamento de água e recarga do lençol freático, com as poucas chuvas que ocorrerem. “Cada gota d'água fará a diferença. O armazenamento de água de chuva para usos não nobres, como irrigação de plantas, jardins e lavagens de quintal e outras peças que não necessitem de água potável, também é recomendado”, salientou Saad.
A população pode fazer a sua parte usando apenas o necessário e reaproveitar todo e qualquer tipo de água que tenha sido utilizada, como por exemplo, água de máquinas de lavar podem ser usadas para usos não nobres nas residências, entre outras ações.
Grupo de Trabalho Operação de Estiagem
O Grupo de Trabalho Operação de Estiagem, que atuou na crise hídrica de 2014/2015, foi reativado pelos Comitês PCJ e fez sua primeira reunião no último dia 22. A decisão de reconstituí-lo deve-se às atuais condições meteorológicas da região das Bacias PCJ, com chuvas abaixo da média e previsões para os próximos meses também nesse sentido, as quais podem trazer dificuldades para o abastecimento. Ainda em tempo, o Grupo irá definir medidas coletivas e integradas destinadas a incentivar o uso eficiente da água nas Bacias PCJ pelos setores usuários, ou seja, as cidades, as indústrias e o meio rural.
Durante a reunião, a coordenadora da Sala de Situação PCJ, Ísis Franco, do Departamento de Águas e Energia Elétrica, apresentou informações sobre o monitoramento de chuvas e vazões dos rios das Bacias PCJ. “De uma forma geral, desde 2019, há ocorrência de meses com chuvas abaixo da média”, observou Ísis, destacando que os últimos seis meses tiveram anomalia negativa.
Alexandre Vilella, coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ, destacou que zelar pela regularidade na oferta de água é uma necessidade para municípios, setor rural, indústria e demais usos. “A meta deste Grupo é tecer um olhar para os 76 municípios das Bacias PCJ e ser palco para unificar as ações de modo a considerar as diferenças de oferta de água em cada região. Sobretudo, fortaleceremos um olhar plurianual para 2021 e próximos anos”, completou Vilella.
Esdras Domingos
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