A semana pós Páscoa, além da ressaca dos dias de feriado prolongado, quando muita gente acabou comendo um pouco mais do que devia e abusando do consumo de chocolate que virou mais um símbolo desta comemoração, trouxe também o frescor do outono e colocou, provavelmente, um término nos dias de forte calor, do final de verão.
Momento de diminuir o ataque aos chocolates, lembrando sempre do quanto a moderação é fundamental e partir para comidas mais quentes, com sabor de carinho e aconchego, para embalar o repouso e aproveitar das temperaturas mais amenas.
A receita desta semana faz uma viagem no tempo e volta ao Brasil Império, não para reforçar o quanto ainda estamos historicamente atrelados a esta época remota, mas para resgatar uma receita clássica e muito consumida desde a era medieval e que teve a sua primeira impressão escrita em 1839, com a publicação do “ livro de cozinha da Infanta D. Maria”.
Esta receita, muito apreciada pela corte portuguesa, bebe na fonte de referência da cozinha árabe, até como seu próprio nome (mourisca) atesta e reforça que a culinária, quando é tratada como verdadeira arte, transforma produtos alimentares em emoções, que evocam sabores e aromas, de memórias muito bem armazenadas em nossas lembranças.
O preparo da galinha mourisca leva, além da carne, salsa, hortelã, limão, ovos, cravo e canela, fundindo hábitos e culturas muito antigas, com sabores que remetem à atualidade e reforçam a cultura gastronômica como arte.
Boa viagem!
Ingredientes
1 galinha caipira cortada em pedaços (procure fazer sempre o corte nas juntas, para evitar lascas de ossos)
3 colheres sopa de manteiga
1 cebola fatiada
100 gr de toucinho defumado cortado em pedaços pequenos (bacon)
1 xícara de hortelã picada1 xícara de cebolinha picada
1 xícara de coentro picado
200 ml de vinho branco (opcional, se não tiver substitua por água)
300 ml de água
2 gemas escalfadas (peneiradas e cozidas na água quente)
6 fatias de pão (de 1,5 cm de altura)
1 limão (suco)
Canela em pó a gostoSal e pimenta do reino a gosto
Salsinha a gosto para polvilhar
Modo de preparar
Em uma panela (preferência de ferro), aqueça uma colher de manteiga e deixe dourar o toucinho (bacon). Refogue a cebola e acrescente os pedaços de galinha, dourando-os de todos os lados. Junte então a hortelã, a cebolinha, o coentro, o suco de limão, o sal, a pimenta e os cravos-da-índia.
Acrescente o vinho, mexa e deixe evaporar. Adicione a água e cozinhe por cerca de 40 min, mexendo de vez em quando (se necessário acrescente mais água). Depois que a galinha estiver cozida, retire do caldo e reserve.
Passe o molho e as gemas por uma peneira e retorne a panela ao fogo baixo, para cozinhar as gemas, mexendo com colher de pau para não talhar. No final, acrescente o restante da manteiga, para dar mais cremosidade ao molho.
MONTAGEM:
Forre uma travessa com as fatias de pão, disponha os pedaços de galinha por cima, regue com o molho, polvilhe com canela e termine cobrindo com o cheiro verde. Delicie-se: o sabor e o aroma são divinos!
RENDIMENTO:
6 Porções!
ACOMPANHAMENTO:
Salada com folhas verdes e legumes. Eu dispenso o arroz e feijão, pois o prato já fica completo com as fatias de pão!
Para beber: vinho tinto!
DICA:
A receita original, até por vir de tempos muito antigos, utiliza a galinha caipira, que para cozidos é mais recomendada, pois não se desmancha, mas o preparo também pode ser feito com o frango comum.O mesmo vale para as gemas utilizadas.
NOTA: O que torna este preparo de galinha “mourisco” são as especiarias e os condimentos, por isto a importância de utilizar a hortelã, o cravo e a canela, para manter a originalidade do prato e potencializar a terapêutica.
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