“Tire o inverno da cabeça e cuide melhor dos seus cabelos”, li há alguns dias numa propaganda. E foi o que fiz. Começo a enxugá-los. Enquanto faço isso, presto atenção na toalha que uso. Que “barato” quando me lembro.
Estávamos excursionando pelo sul. Entre os turistas, uma conhecida de São Paulo que, coincidentemente, participou comigo de duas viagens. Muito simpática e afável, sempre tem fatos interessantes para me contar. Uma vez por ano, viaja para os Estados Unidos, onde fica um mês, em seu apartamento, em New York, e outra vez para a Europa, onde tem um apartamento em Paris. Pessoa realizada, viúva, passou o comando de suas indústrias para seus filhos e resolveu preencher o resto da vida viajando. Talvez nem tanto para conhecer novos lugares, pois, pelo que me conta, conhece o mundo todo, mas, acredito pela companhia de pessoas de mais ou menos sua faixa etária. Recentemente convidou-me para ficar um mês na China. Morro de vontade de ir. Incrivelmente não consigo me ver flanando, despojada de qualquer tipo de trabalho ou preocupação, sem problemas bancários, compromissos com seguradoras, impostos, cartórios, falta de gás, de carne, leis trabalhistas da caboclada e outros “trubufus” que já passaram a fazer parte do meu dia a dia. Talvez ainda chegue nessa de só viajar. Agora sinto que anda não dá.
Falou-se, desta vez, de uma casa que está construindo numa praia do litoral paulista. Uma pequena área que foi loteada para apenas seis proprietários. Bem privativa, portanto. Descreveu-me sua construção. Na parte térrea, salões, apenas grande salões sociais. Em cima, cinco alas: uma para ela e as outras para cada filho casado, com salas, quartos, banheiros e instalações para os amigos das crianças.
Nosso ônibus para, então, numa cidade onde se fabricam toalhas muito boas. Desce o bando de turistas, como gafanhotos em roça de milho. Cada um parece que disputa o privilégio de comprar mais. Minha conhecida compra conjuntos finíssimos para a dita casa de praia. De todas as cores. Faz um verdadeiro estoque. Mal podia vê-la, atrás da pilha que foi amontoando. Horário esgotado, todo mundo se dirigindo para o ônibus. Após uma pequena compra, eu já estava instalada quando a “campeã de aquisição” chega e diz: - Que maravilha! Encontrei uma toalhas ótimas, baratíssimas, vou levando uma posição para meus cachorros! Tudo a preço de quilo! - Que pena! digo. Também gostaria de ter comprado algumas. Tenho uma cachorrada lá em casa! - Vamos depressa! Ainda falta muita gente pra chegar! Saímos num salto e ‘rapidinho” afundamos na loja. - São estas! Olhe que boas! Isso enxuga pêlo de cachorro que é uma beleza! Fico assustada! Que toalhas formidáveis! Enormes! Quase de graça!
E vamos catando, pesando e empilhando-as. Lá voltando voando, com um pacotão nas mãos! E agora, enquanto enxugo meus cabelos numa daquelas toalhas tão boas e macias, falo comigo mesma: - É bem verdade! Ser cachorro de madame é o suprassumo! Ô toalha gostosa! Não fossem os poodles, os pinchers e outros ”cambaus” da querida viageira e eu jamais teria feito uma compra tão boa quanto vantajosa!...
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