Além de trazer uma entrevista especial com o prefeito Fernando Fiori de Godoy o Site do Jornal da Cidade também foi ouvir os ex-governantes de Holambra sobre vários assuntos. Celso Capato, Antonio Marino Brandão de Almeida e Margareti Groot receberam oito perguntas cada, abordando o legado que julgam ter deixado após seus mandatos e para comentar o quadro político, além de emitir opinião sobre fatos que os envolveram diretamente. Apenas Celso Capato, pai do atual vice-prefeito, Fernando Capato (PSD), preferiu não participar.
Embora tenha sido o político mais influente em Holambra, somando três mandatos e apesar de continuar sendo apontado como um influenciador nas decisões locais, Capato preferiu não se manifestar alegando que suas declarações poderiam ser entendidas como algum tipo de ingerência, situação que, segundo ele, não ocorre de forma nenhuma.
“Prefiro evitar especulações fora do contexto, pois entendo que Holambra vive um bom momento político e administrativo e deve se concentrar em comemorar e seguir em frente”, disse Celso Capato. O ex-prefeito Antônio Marino Brandão de Almeida confirma que deixou de lado a ação direta na política e se concentra em fazer um bom trabalho à frente da Cemirim (Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento da Região de Mogi Mirim), da qual é o presidente do Conselho de Administração.
Já a ex-prefeita Margareti Groot mantém sua atuação política e ocupa o cargo de Secretária-Geral do PRB (Partido Republicano Brasileiro) na Cidade das Flores. Consultada pelo JC Holambra, ela foi direta: não negou que segue com intenções de retornar à atividade política de forma efetiva e respondeu a todas as perguntas, aproveitando para opinar e ‘alfinetar’ os grupos políticos que lhe fizeram oposição. Confira.
ENTREVISTA COM MARGARETI GROOT
JC Holambra – A senhora foi a primeira mulher eleita prefeita de Holambra e assumiu o cargo num clima de grande expectativa política no município, porém, não conseguiu se reeleger e dar continuidade ao trabalho que vinha fazendo. A quais fatores a senhora atribui a sua não reeleição? Em sua opinião, o machismo fez parte desses empecilhos, ou não?
Margareti Groot – Para mim, foi uma grande honra ter sido a primeira mulher eleita prefeita de Holambra e fiz um trabalho totalmente voltado para nosso povo, um trabalho humanizado e sensível. Meu grande objetivo foi juntar a cidade e cuidar de todos, independentemente de sua classe social.
Não acredito que houve machismo por parte de meus opositores, apenas entendo que meu objetivo de juntar a cidade e tratar a todos da mesma maneira, sem favorecimentos, iria contra o interesse de um grupo de pessoas que, infelizmente, vive de fazer lobby com nossa cidade para obter vantagens pessoais.
Sofremos inúmeros ataques caluniosos por parte destas pessoas, que a todo momento tentavam impedir que nosso trabalho se desenvolvesse, porém, nunca o deixamos de lado para nos preocupar com isso ou nos defender. Entendo que essas mentiras que foram propagadas na cidade durante toda nossa administração tenha nos atrapalhado e, consequentemente, teve reflexos em nossa reeleição, porém, não poderia deixar meu trabalho e as pessoas que precisam realmente do serviço público para entrar em uma guerra com pessoas que buscavam tão somente benefícios próprios.
JC Holambra – De todas as medidas que tomou em seu mandato, quais destaca como sendo as mais importantes? Cite pelo menos três.
Margareti Groot – Acredito que meu governo englobou todas as áreas deficitárias e necessárias para que o município pudesse começar a entrar nos trilhos novamente. Porém, se fosse necessário destacar apenas alguns pontos, estes seriam Educação, Saúde, Esportes e o Social. Acredito que a educação é a base de tudo e a saúde necessidade do povo.
Durante minha gestão tínhamos uma Educação de excelência, valorizamos os excelentes profissionais que temos em nossa cidade para que exercessem seu trabalho com tranquilidade e alegria, implantamos material escolar e merenda de qualidade em toda a rede. A Saúde era humanizada, as mulheres tinham a Casa da Mulher, tínhamos um convênio onde a população era atendida sempre que necessitava de cuidados.
JC Holambra – Política, em linhas gerais, é a arte de conciliar interesses. Durante seu mandato a senhora enfrentou grandes dificuldades para governar. Além das dificuldades naturais de um primeiro mandato, quais problemas a senhora acha que mais atrapalharam sua administração: o relacionamento com os vereadores ou a eventual ingerência de seus adversários políticos? Houve algum outro motivo que mereça ser citado?
Margareti Groot – Acredito que se levarmos em consideração que política seja a arte de conciliar interesses, durante meu mandato, como já mencionei, senti sim uma ingerência por parte de meus adversários, pois na ocasião estavam mais interessados em querer me tirar da política do que defender os interesses da população, principalmente naqueles projetos que apresentei em benefício de Holambra, como a frente de trabalho, a compra da máquina para manutenção das estradas, entre outros.
JC Holambra – A senhora continua participando de um grupo que tenha atuação política regular em Holambra? A qual partido pertence atualmente e qual cargo ocupa (ou função que desempenha) na legenda?
Margareti Groot – Atualmente, exerço a função de Secretária Geral do PRB (Partido Republicano Brasileiro) e tenho várias obrigações que competem ao cargo, além de colaborar com o partido na elaboração de políticas públicas efetivas nesse momento de crise.
JC Holambra – O ano que vem teremos eleições para cargos no Legislativo e no Executivo. A senhora pensa em colocar seu nome como uma alternativa regional (deputada estadual, por exemplo)? Há planos nesse sentido?
Margareti Groot – Estou à disposição do partido e respeito qualquer decisão.
JC Holambra – Falando como cidadã e moradora de Holambra, e não como personalidade política, em quais áreas a senhora entende que Holambra necessita investir mais e por qual motivo?
Margareti Groot – Como uma cidadã que ama, vive e que sempre trabalhou por Holambra, qualquer área neste momento precisa de reavaliações, menos as avenidas principais da cidade, porém Holambra é muito mais que isso. Vejo necessidade de cuidar do povo como um todo, principalmente na saúde, educação, esporte e no social. A função do Executivo é administrar para todos e não “maquiar” a cidade. Hoje o povo sofre com água e imposto caro, falta de moradia, portanto, como moradora, acredito que esse governo precisaria parar de só maquiar e começar a governar para todos.
JC Holambra – Como a senhora vê e analisa a correlação de forças no campo político em Holambra? No seu entender, há espaço para que a oposição se fortaleça ou o Executivo predomina sobre o Legislativo?
Margareti Groot – Infelizmente, Holambra vive um momento político egoísta e baseado em interesses próprios. Aquelas pessoas que foram opositores hoje se calam, por terem seus interesses pessoais atendidos. Prefiro não me aprofundar mais, mas lamento que o interesse pessoal tenha falado mais alto que os da nossa cidade.
JC Holambra – Qual a sua mensagem para a população de Holambra neste aniversário de 26 anos de emancipação política e administrativa?
Margareti Groot – Desejo um Feliz Aniversário a nossa querida Holambra e gostaria de manifestar o orgulho que sinto em morar nesta cidade, que possui muito além de sua beleza um povo acolhedor e amigo. Meu desejo é que esta cidade possa prosperar com mais oportunidades. Parabéns Holambra!
ENTREVISTA COM ANTONIO MARINO BRANDÃO DE ALMEIDA
O ex-prefeito Antonio Marino Brandão de Almeida, que governou Holambra no período 1997/2000, optou por responder de maneira mais genérica às perguntas e foi discreto em sua avaliação, esquivando-se de polêmicas e demonstrando viver uma fase tranquila em sua vida longe do cenário politico. Nascido em Artur Nogueira e criado em Holambra, Brandão de Almeida revela que mesmo tendo várias oportunidades para tentar a vida em outros locais “nunca quis deixar a cidade que adora”.
Segundo ele, sua participação na política foi episódica, pois achava que poderia dar alguma contribuição ao desenvolvimento social, urbanístico e econômico da atual estância turística, ajudando, de alguma forma, a cuidar da cidade que escolheu para viver. “Portanto, esses foram os meus objetivos enquanto mandatário. As circunstâncias políticas daquele período deixo de relatar pois posso cometer injustiças, até porque a percepção dos fatos muda com o tempo”, pondera.
Segundo o ex-prefeito, quando não foi reeleito entendeu que os eleitores optaram por outro estilo – talvez melhor, admite – de administrar a cidade. “A mim, coube apenas aceitar a decisão dos eleitores e me retirei da política partidária, tanto que hoje sou apenas um cidadão que quer o melhor para Holambra”.
Conforme a avaliação de Brandão de Almeida, “não seria elegante da minha parte falar sobre minha administração, pois os moradores daqui têm melhores condições de fazer isso”. Quanto à atuação política nos dias atuais, o ex-prefeito disse que continua filiado ao PSDB, legenda pela qual foi eleito e cumpriu o mandato de prefeito em Holambra. “Apenas para colaborar com algumas pessoas que, entendo bem intencionadas, ainda tenho um cargo formal no PSDB local, onde sou suplente de delegado”, revela.
Modesto, o ex-prefeito tucano disse ter dado sua singela participação na política local e acredita ter feito o melhor que conseguiu, deixando para outras pessoas a tarefa de trabalhar pela a cidade. E concluiu: “No seu aniversário, desejo a Holambra muita prosperidade e que seja ela dirigida por pessoas que coloquem os interesses da cidade em primeiro lugar sempre”.
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