De acordo com representantes das agências de turismo atuantes na cidade, mais opções podem oferecer diferentes roteiros aos turistas, movimento também a economia de outros setores como gastronomia e hotelaria, por exemplo.
Quem deseja visitar Holambra busca encontrar na cidade uma variada quantidade de campos de flores e plantas ornamentais abertos a visitação porém, a realidade está longe disso, apesar de alguma iniciativas no setor sinalizarem que o idealizado hoje poderá se tornar realidade num futuro que, espera-se, esteja próximo.
De acordo com as agências de turismo receptivo atuantes na estância turística, 90% dos visitantes tem como principal objetivo observar e se maravilhar com a beleza do cultivo de flores nos campos e estufas, mas um detalhe técnico impede que isso aconteça em larga escala: o medo de contaminação a que várias espécies estão sujeitas.
Existem 400 áreas de produção cadastradas no município, mas apenas duas propriedades recebem visitas em tempo integral: as estufas de gérberas e celosas e o campo de crisântemos. Existem outras, como o campo de feno, a plantação de eucaliptos e s plantação de trigo, mas essas recebem apenas ensaios fotográficos.
Há, também, propriedades que abrem as portas apenas em épocas sazonais, como a que cultiva girassóis, por exemplo. E fica a pergunta: porque, em meio a tantas variedades, a grande maioria dos produtores não abrem seu espaços para visitação?
Em entrevista ao site do Jornal da Cidade, a diretora de turismo e desenvolvimento econômico, Alessandra Caratti, e representantes de três agências de turismo receptivo que atuam na cidade, explicaram alguns dos motivos. Num ponto, todos concordam: muitos tipos de flores correm sérios riscos de contaminação se tocadas por pessoas sem os devidos aparatos, o que restringe a visitação a certos locais.
Por esse motivo, muitos produtores que abastecem em grande escala o mercado consumidor por meio das cooperativas relutam em abrir suas estufas para visitação, no que estão certos, pois um descuido pode gerar graves prejuízos financeiros. Além disso, a "Cidade das Flores" responde por praticamente metade do mercado brasileiro e não quer perder seu lugar de destaque no Brasil e no exterior.
De seu lado, os receptivos compreendem a preocupação, porém, ambos - operadores de turismo e poder público - acreditam ser possível encontrar formas de investir e ampliar a visitação de turistas sem prejudicar a produção. Nos depoimentos de Dayana Tamata (HolamBrasil Turismo Receptivo), Armando Carrasco e Marcelo Lopez (Real Turismo) e Derci Rocha (Theos Turismo), fica claro que quanto mais opções de campos de flores para ver, mais o turista permanecerá na cidade, e não um dia apenas.
Com isso, ganham os setores envolvidos diretamente com o turismo, começando pelos receptivos, passando pelos hotéis e restaurantes e envolvendo a produção local de artesanato, para ficar apenas nos mais conhecidos do segmento. Abaixo, as opiniões dos envolvidos com o setor, ouvidos pelo site do JC Holambra:
Dayana Tamata: "Se houver mais opções, teremos mais roteiros, pois é grande a curiosidades das pessoas em saber como se produz essa grande variedade de flores apresentada na Expoflora. Se tivéssemos 10 campos para alternar durante o mês seria ótimo, pois não ficaria cansativo para o produtor e nem para o visitante.
Quem sabe os produtores não possam, coletivamente, estruturar estufas ou um pequeno showroom".
Armando Carrasco: "As visitas devem ser bem planejadas, pois o turismo gera renda mas também provoca impactos. Para o turismo direto ainda falta mais propriedades, mas entendo que isso não vem afetando nosso trabalho."
Marcelo Lopez: "Há locais extremamente sensíveis. Uma das questões que mais temos cuidado é não atrapalhar o produtor. É necessário planejar melhor, de modo que o produtor não seja prejudicado e consigamos agradar os turistas. Tem produtores que não querem aparecer. Tem que ser tudo bem mensurado e estamos lhidando com uma cultura diferente da nossa ou seja holandeses".
Derci Rocha: "O que precisamos são de novos cenários, para termos um controle de entrada e saída dos turistas, o que nos permitiria criar mais de uma rota, pois é interessante que nossos visitantes permaneçam mais que um dia na cidade. Já tivemos casos de pessoas que reservaram dois dias para visitação e acabaram o passeio em apenas um dia, seguindo para as cidades do Circuito das Águas para aproveitar o tempo. Uma espécie de 'Rota das Flores' mais consistente ajudaria a segurá-los em Holambra, embora, por enquanto, alguns produtores não enxerguem as visitas como algo lucrativo".
José Aparecido Rissatti (produtor de gérberas e celosas): "As visitas são interessantes orque servem para que as pessoas conheçam quanto trabalho dá produzir as flores que tanto encantam a todos. mantendo essa parceria porque ela é produtiva para os dois lados envolvidos: o nosso (produtores) e o da Prefeitura, pois isso movimenta a economia em Hoalmbra, embora possa ser muito melhor, pois a renda atual é pequena, é mínima, na verdade, então, vale mais pela divulgação de nosso trabalho e de nossos produtos". O Sítio Santa Terezinha, de José Rissatti, está localizado na Rua das Palmas, na zona rural de Holambra.
Alessandra Caratti: "Temos o curso de Turismo Rural, desenvolvido em parceria com a Flora Madurodam e ministrado por uma profissional do Senai. ´Houve uma apresentação desse curso aos produtores e, é claro, para ser ampliado depende do interesse de cada um em ver nesse tipo de atividade uma forma de gerar renda para si, tornando a atividade mais lucrativa. Acredito que os resultados devem surgir a médio e longo prazo. Então, não depende apenas do poder público esse incremento".
Para Alessandra, o turismo é uma engrenagem, ou seja, depende de vários fatores que, unidos, podem movimentar a cidade em diversos fatores. "Temos como exemplo o Rancho da Cachaça: Não é uma produção de flores mas pode ser citado como exemplo devido ter iniciado como uma simples propriedade e hoje é um grande atrativo turístico, ou seja, seu representante enxergou no turismo uma oportunidade de crescimento. A ponte entre os produtores e o turismo está feita, mas é necessário que estes vejam o turismo agregando valor", finalizou a diretora.
Foto: Maria Elisa Moraes/Site JC
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